quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tratamento Anti-hipertensivo - Parte 01: Tratamento não medicamentoso

Graus de recomendação usados na V Diretriz Brasileira de Hipertensão:

Grau A – grandes ensaios clínicos aleatorizados e metanálises.
Grau B – estudos clínicos e observacionais bem desenhados.
Grau C – relatos e séries de casos.
Grau D – publicações baseadas em consensos e opiniões de especialistas.  
obs: As recomendações de grau D não serão relatadas.


Os principais fatores ambientais modificáveis da hipertensão arterial são:

      1 - Hábitos alimentares inadequados;
      2 - Sedentarismo;
      3 - Obesidade;
      4 - Consumo exagerado de álcool.

Controlando esses fatores pode-se obter redução da pressão arterial e diminuição podendo-se obter redução da pressão arterial e diminuição do risco cardiovascular.

1 - Controle de peso

Os hipertensos devem atingir as seguintes metas (B):
  • IMC de 25 kg/m² ;
  • Circunferência abdominal < 102 cm - Homens;
  • Circunferência abdominal < 88 cm - mulheres.   

Junto com o peso, reduz também a insulinemia, a sensibilidade ao sódio e a atividade simpática.

2 - Padrão Alimentar

Alimentos de risco : ricos em sódio e gorduras saturadas;
Alimentos de proteção : ricos em fibras e potássio.

A dieta DASH (Dietary Approachs to Stop Hypertension) mostrou benefícios no controle da pressão arterial, inclusive em pacientes fazendo uso de anti-hipertensivos:

  • Quatro a cinco porções/dia : Frutas 
  • Quatro a cinco porções/dia : Vegetais
  • Duas a três porções/dia : Leite desnatado
  • Reduzir ingestão de gorduras saturadas e colesterol,

Hábitos alimentares recomendados :

  • Reduzir quantidade de sal na elaboração de alimentos (A); 
  • Retirada do saleiro da mesa (A); 
  • Restrição das fontes industrializadas de sal (B); 
  • Uso restrito ou abolição de bebidas alcoólicas (B);
  • Redução de alimentos de alta densidade calórica, substituindo por carboidratos complexos e frutas (A);
  • Dieta DASH (A);
  • Opção por alimentos com reduzido teor de gordura, eliminando as gorduras hidrogenadas (“trans”) e preferindo as do tipo mono ou poliinsaturadas, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dendê e coco (A);
  • Ingestão adequada de cálcio pelo uso de produtos lácteos desnatados(B).

A suplementação de potássio : Tem grau A de recomendação, mas deve ser usado com cautela em paciente com função renal diminuída (filtração glomerular < 60 ml/min) por causa do risco de hiperpotassemia.

3 - Moderação no Consumo de Bebidas Alcoólicas

Recomenda-se limitar o consumo de bebidas alcoólicas a, no máximo:

  • 30 g/dia de etanol para homens; 
  • 15 g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso;
  • Aos que não se enquadrarem nesses limites, sugere-se o abandono.


Tabela 2 - Características das bebidas alcoólicas mais comuns
Bebida
% de etanol
(º GL Gay Lussac)
Quantidade de etanol (g) em 100 ml
Volume para 30 g de etanol
Consumo máximo tolerado
Cerveja
~ 6% (3-8)
6 g/100 ml x 0,8* = 4,8 g
625 ml
~ 2 latas (350 x 2 = 700 ml) ou 1 garrafa (650 ml)
Vinho
~ 12% (5-13)
12 g/100 ml x 0,8* = 9,6 g
312,5 ml
~ 2 taças de 150 ml ou 1 taça de 300 ml
Uísque, vodka, aguardente
~ 40% (30-50)
40 g/100 ml x 0,8* = 32 g
93,7 ml
~ 2 doses de 50 ml ou
3 doses de 30 ml
* Densidade do etanol.
 
  


4 - Exercício Físico

A prática regular de exercícios físicos é recomendada para todos os hipertensos, porque reduz a pressão arterial sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg. Além disso, o exercício físico pode reduzir o risco de doença arterial coronária, acidentes vasculares cerebrais e mortalidade geral (A).


Antes de iniciarem programas regulares de exercício físico, os hipertensos devem ser submetidos à avaliação clínica especializada, exame pré-participação (para eventual ajuste da medicação) e recomendações médicas relacionadas aos exercícios. Hipertensos em estágio 3 só devem iniciar o exercício após controle da pressão arterial.


Recomendação populacional:

Todo adulto deve realizar pelo menos 30 minutos de atividades físicas moderadas de forma contínua ou acumulada em pelo menos 5 dias da semana (A).


5 - Controle do estresse psicoemocional

Estudos experimentais demonstram elevação transitória da pressão arterial em situações de estresse, como o estresse mental, ou elevações mais prolongadas, como nas técnicas de privação do sono


Considerações Finais 

A importância da mudança no estilo de vida (MEV) deve ser apregoada insistentemente aos pacientes e entre os profissionais da área. A adoção de um estilo saudável de vida é fundamental no tratamento de hipertensos e não deve ser negligenciado.


O tratamento medicamentoso será tema das próximas postagens. As classes medicamentosas serão postadas separadamente com a finalidade de esgotar o máximo de infomações de cada uma delas. 

Obrigado a todos - Gustavo Almeida Garcez - Presidente da LACC.

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